terça-feira, 19 de maio de 2009

Descida aos infernos e Ascensão

Em suas obras o metafísico René Guénon estuda principalmente os processos iniciáticos do conhecimento e da experiência humana, os quais garantem a participação do homem nas grandes verdades e mistérios das tradições religiosas.
No livro, O Esoterismo de Dante, que trata principalmente do poema A Divina Comédia, de Dante Alighieri, René Guénon estuda a descida de Dante ao inferno, sua passagem pelo purgatório e sua ascensão ao paraíso como experiência iniciática, que se baseia, entre outras, na iniciação de Virgílio, na sabedoria encarnada em Beatriz, e em experiências filosóficas platônicas, aristotélicas e tomistas. Explica que a preparação para a entrada no paraíso é precedida de uma descida aos infernos, e que o purgatório é a medida terrestre das experiências do homem nos dois sentidos, Céu/inferno.
Observando bem esses estudos e esses processos, o que me ocorreu é que, dado que hoje, século XXI, que é o tempo atual cheio de grandes avanços para conforto e conservação da vida humana, é também o tempo onde o ser humano se encontra mais disposto ao mal e à auto-alienação. Hoje o mundo está muito mais carregado e intoxicado de ideologias e movimentos de todos os gêneros, opostos às antigas sociedades secretas, como A Ordem do Templários, da profusão cada vez mais sutil de uma revolução cultural que tem destruído os grandes fundamentos das tradições, o avanço invisível do comunismo, a celebração da contingência e da relatividade absoluta das coisas, etc., que sou levado a acreditar que o processo que René Guénon tanto enfatizou se dá ao inverso hoje em dia, como se a maior parte das pessoas começasse a ler Dante a partir do Canto XXXIII do Paraíso e seguissem lendo até o Canto I do Inferno, onde, depois de passar por todo tormento desta região, chegariam pelos descaminhos indicados por Virgílio à alienação, perdidos num região estranha e obscura.

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